Domingos e as papas cerelac

on terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Ponto prévio, sou um admirador confesso de Domingos Paciência enquanto treinador de Futebol. Gosto do positivismo do futebol das suas equipas, gosto da audácia e atrevimento, gosto da personalidade. Admiro também os resultados que tem alcançado.
Contudo hoje falarei sobre aquela que, para mim, é ainda a sua grande lacuna. Refiro-me a aspectos relacionados com a sua comunicação verbal e não verbal.
Um aspecto já muito discutido e sobre o qual não acrescentarei muito mais, é a sua postura no banco. A forma como por vezes se esconde na “escuridão do banco”, quando as coisas não correm bem. As expressões de desespero (colocar as mãos na cabeça, etc) que passa para os seus jogadores, etc.
Estes pormenores, que no seu conjunto poderão ser “pormaiores”, deixam bem patente algum descontrolo emocional do treinador Português durante os jogos, descontrolo esse reflectido através de uma comunicação não verbal deficiente/errada.

Mas não é só na comunicação não verbal que Domingos comete alguns erros.
Também no seu discurso revela algumas fragilidades, particularmente na forma como nem sempre sabe utilizar o discurso “para fora”…como um instrumento de motivação “para dentro”.
Bem recentemente, na antevisão do jogo frente ao Rio Ave para a Bwin Cup, e a escassa semana para um jogo importante para o Sporting como é o clássico frente ao FC Porto, Domingos, numa clara tentativa de tirar pressão dos seus jogadores, de fazer referência à margem de progressão que a sua equipa terá, mas por outro lado também retirar pressão dos seus ombros (caso o jogo com o FC Porto corra menos bem) referiu que a equipa do Sporting se encontra numa fase de papas cerelac.
Para mim foi uma frase infeliz, um erro. Um erro na gestão emocional dos seus jogadores. Acredito até que terá sido um erro que teve reflexo no desfecho do jogo frente ao Rio Ave.

A poucos dias de um jogo tão importante como o jogo frente ao FC Porto, a lógica apontaria no sentido de um discurso confiante, motivador, seguro.
Ou seja, aproveitar a Comunicação Social como meio de passar uma forte mensagem de confiança e esperança para dentro do balneário.
Se o Sporting quer realmente vencer uma equipa com a qualidade do FC Porto, terá que estar confiante, num nível muito alto e terá de existir um apelo á auto-superação dos seus jogadores.
O discurso do técnico do Sporting passou, no entanto, uma mensagem completamente contrária ao que seria de esperar e ao que se aconselharia.
Soou a “desculpabilização” para um possível desaire, soou a alguma falta de confiança e ao receio de defrontar o FC Porto.

Coloquemo-nos na posição de um dos jogadores do plantel do Sporting, após ler as declarações de Domingos.
Como pode um jogador sentir-se motivado para defrontar o actual detentor da Liga Europa, invicto á mais de 50 jogos na Liga Sagres, após ler o seu próprio treinador a referir que a sua equipa ainda não está preparada para determinados desafios, que ainda está numa fase precoce de crescimento?

Quanto a mim Domingos terá de rever a pertinência de algumas das suas afirmações á Comunicação Social.
Também se comunica com o balneário, falando para fora. Também se motiva e contribui para uma maior auto-confiança dos jogadores, nas conferências de imprensa.

"Para mim, no futebol o mais importante é a gestão de recursos humanos. É uma ciência humana. A inteligência emocional é a base deste desporto e de todos.”
Esta é uma frase recente de José Mourinho. Identifico-me totalmente com a ideia transmitida e parece-me a mim que Domingos não terá tido em conta esta questão, quando escolheu um timing tão mau para se referir ás papas cerelac.

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