As B e os "iluminados"

on segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
2012 pode ser um ano de grandes mudanças.
Novo Presidente na Federação, um Homem a quem reconheço competência e capacidade para pensar o nosso Futebol e conduzi-lo para um patamar superior.
Para vencer as eleições falou naturalmente da protecção ao jogador Nacional. É uma “temática da moda”. Durante anos ninguém quis saber, durante anos andamos á deriva, mas subitamente passou a ser uma temática falada pelas pessoas do Futebol mas também pelos Governantes deste País, etc.

Mas sem fugir ao tema.
A primeira medida para proteger o jogador nacional já está tomada. A “repescagem” das B, mas agora com um enquadramento mais sério e mais de acordo com aquele que deve ser o propósito de uma equipa B.
Equipas B enquadradas numa Liga Profissional competitiva (fundamental para que os jogadores possam evoluir favoravelmente) e alguma legislação para não se fazerem das equipas B, castigo para os jogadores indisciplinados das equipas A, um espaço para rodar jogadores menos utilizados, etc.
Finalmente as B foram pensadas com o propósito de servir a formação de talentos e em particular do jogador Português.
Mas da teoria à prática há um longo caminho a percorrer, particularmente em Portugal.
As equipas B serão vistas como natural rampa de lançamento para as equipas profissionais, ou como um espaço de interesses e negociatas com alguns empresários? Haverá coragem para fazer o “transfer” dos B para os A ou os B serão um espaço de formação para um, dois anos e o futuro o mesmo de agora: emprestar a outros equipas até acabar o vínculo, moedas de troca, etc…
Aguardo com alguma expectativa o rumo que será dado a este projecto.
Com a aposta feita em infra-estruturas, em redes de prospecção, em pessoal qualificado para potenciar as “pérolas em bruto”, etc, é fundamental que as equipas B sejam encaradas da forma correcta e, realmente, como um último passo na formação dos jogadores para virem a ser integrados nas equipas A.
O Presidente do SL Benfica, Luis Filipe Vieira, tocou recentemente com o dedo na ferida: nos próximos anos os clubes nacionais terão que reduzir despesas e ser mais “criativos” na forma como investem. Que tal começarem pela prata da casa?
A ver vamos. Até lá, fica o exemplo do Marítimo B, um projecto que já permitiu ao clube da Ilha da Madeira lançar vários jovens jogadores de qualidade (independentemente se são Portugueses ou estrangeiros).


Mas enquanto as pessoas do Futebol dão claros sinais de quererem a mudança, recentemente aparece o Governo, com o propósito de auxiliar o Desporto, e em particular o Futebol.
As entidades governativas apresentaram algumas sugestões. Uma delas achei ridícula e completamente desenquadrada com o Futebol Nacional.
Diria que mais uma vez queremos andar a reboque dos outros, queremos imitar o que vemos lá fora, mas não pensamos na nossa realidade, no nosso enquadramento.
Segundo as entidades governamentais, será importante implementar limites na contratação de jogadores estrangeiros. Até aqui poderei concordar, realmente urgem medidas para obrigar os clubes a serem mais selectivos e a importarem mais em qualidade e menos em quantidade.
Mas eis que os “iluminados” referem que devia ser enquadrado no futebol nacional uma medida que obrigue os clubes a contratar jogadores que apresentem como requisito determinado número de internacionalizações pelo seu país (a fazer lembrar Inglaterra não?!?).
O que os senhores governantes não se lembraram é que os clubes nacionais não têm a capacidade financeira e portanto a atractividade para recrutar jogadores internacionais.
O factor que ainda permite ao Futebol Português ser competitivo lá fora e que permite aos Clubes não entrarem ainda mais num buraco financeiro, é a capacidade de contratar bom e barato, formar e vender por preços bastante significativos.
Foi assim que o FCP consolidou o seu projecto desportivo, é com base nisto que o Sporting ainda sobrevive á crise, é com base nisto que o Benfica vai conseguindo emergir e tornar-se cada vez mais competitivo internamente e lá fora. E é com base nisso que clubes como o Braga, etc, conseguem aparecer no mapa do Futebol.
Mas sobre isso os governantes não pensaram. O segredo está em copiar os modelos dos outros. Fazemo-lo na economia, na educação, na saúde, com os resultados que temos visto, agora também queremos faze-lo com o Futebol.
É justo. Já que estamos numa crise profunda, quer económica quer de identidade, porqué manter competitiva a única área que ainda vai dando alegrias e prestígio a Portugal?
Acabe-se com o Futebol também….

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