Pistas de um mercado de inverno

on terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O mercado de inverno pautou-se por um período de muita especulação mas pouco investimento. A “Crise” faz-se sentir, e de que maneira, portanto as contratações foram escassas e quase todas a custo zero.
Olhando unicamente para os três grandes do nosso Futebol, é fácil interpretar algumas pistas que este mercado de inverno nos deixou.

FC Porto
O FC Porto foi o Clube que mais se mexeu, não admira. A realizar uma época aquém do esperado e com muitos percalços, o FC Porto adoptou um papel activo nas aquisições e nas “dispensas”.
Lucho foi a grande contratação deste Inverno. Não tenho dúvidas que foi uma decisão acertada do FC Porto. Muito se especulou quanto á condição física do jogador e se ainda manteria as capacidades que fizeram dele uma referência na Invicta.
Mas Lucho é muito mais do que condição física. É cérebro, é classe, é inteligência, é experiência. O FC Porto contratou um jogador capaz de repor ordem numa equipa algo anárquica e desprovida de sentido. Um jogador que interpreta como poucos todos os momentos do jogo e que resolve algumas das principais lacunas do FC Porto – por exemplo a dependência de João Moutinho. O ex Sporting também agradecerá. Deixará de ter que assumir a primeira fase de construção e de ainda ser obrigado a aparecer mais á frente para dar sentido ao futebol do FCP. Repartirá a função de orquestrar o futebol Portista com Lucho e estou certo que o FCP ganhará qualidade e sobretudo orientação.
Lucho será referência em termos de organização ofensiva, será peça chave nas transições defesa-ataque.
Da experiência e de peso no balneário falarei mais adiante…

Janko foi o segundo reforço do clube azul e branco.
Um jogador diferente da realidade recente do clube Portista. O FCP contrata um ponta de lança puro e não um avançado centro, como eram Lisandro, Falcão…
Do pouco que ainda foi possível ver, parece-me um jogador com características interessantes e que vem dar mais peso e referência ao jogo do FCP no último terço.
Apenas com 4 treinos com os colegas, apareceu a fazer apoios frontais com alguma qualidade, jogando a um dois toques, sempre com eficácia – algo que até então pouco se tinha visto no jogo Portista.
É um jogador que prende a defesa contrária, que consegue jogar entre os centrais, e que funciona como referência, algo que com Kleber e Hulk o Porto não tinha.
Por outro lado, o caudal ofensivo do FCP, a capacidade de desequilibrar pelas faixas, era desaproveitada, pois na área o FCP não tinha um finalizador.
Janko parece-me muito forte de cabeça, eficaz com o seu pé esquerdo. Ainda não dá para ter boa noção da sua movimentação na área, mas face ás características dos defesas do Campeonato Nacional, Janko será golo, com mais ou menos brilhantismo, com mais ou menos recorte técnico.

Ainda há Danilo.
Ainda verde em termos táticos, Danilo revela grande capacidade atlética e uma propensão ofensiva bastante interessante. Se em termos defensivos teremos de esperar para ver, em termos ofensivos o FCP deixa de ficar dependente da asa esquerda, de Álvaro Pereira. Passa a ser uma equipa a voar pelos dois corredores, com dois laterais capazes de dar muita largura e profundidade ofensiva. Janko agradecerá os cruzamentos desta nova dupla!

Mas nem tudo parece ser boa notícia para o Dragão.
As saídas deixam perceber problemas de liderança e de motivação no balneário Portista.
Subitamente o FCP abdica de 3 jogadores com peso nas conquistas recentes dos azuis e brancos. Fucile foi riscado (tal como parece estar Sapunaru) e transferido para o Brasil. Guarín, que não parecia ter a cabeça no Dragão, sai para o Inter. E Belluschi, peça importante na equipa de Villas Boas, sai subitamente para Génova.
Acredito que tenha existido a necessidade de cortar nas despesas e abrir vaga para ter um jogador como Lucho.
Mas mais do que isso, a necessidade de contratar Lucho e as próprias palavras do treinador que se referem ao Argentino como sendo um jogador com capacidade para ter peso no balneário, assim como a transferência aparentemente forçada e apressada de jogadores importantes do FCP, deixa a clara sensação que Vítor Pereira estará a vivenciar grandes dificuldades para manter um grupo unido, coeso e com a cabeça no FCP.
Haverá crise de liderança no Dragão?

SL Benfica
Na equipa principal do SL Benfica as mexidas foram poucas.
Saiu Ruben Amorim em rota de colisão com o treinador Jorge Jesus, entrou Yannick e Enzo Perez estará perto de ser reintegrado.

Muito se falou do erro que pode ser a contratação de Yannick. A mim parece-me uma boa jogada de mercado, uma solução de “win-win”.
O jogador chega a custo zero, é Português (importante em função da nova legislação da UEFA), não aufere um salário mensal verdadeiramente significativo e também não entra para ter que render já.
Muitos são aqueles que parecem não apreciar o estilo do técnico Jorge Jesus. Goste-se ou não do estilo, Jorge Jesus é um treinador de topo, com uma capacidade fantástica e que revela um acompanhamento e conhecimento de mercado que poucos conseguem igualar, é um workoholic. Estou certo que ao tomar a decisão de contratar Yannick estará a pensar mais no futuro que no presente e estará a assumir a sua própria capacidade de reinventar jogadores e de os projectar para patamares de rendimento superiores.
Yannick chega em Janeiro, sem ritmo, mas com muita motivação e vontade. Será um jogador agradecido ao treinador pela oportunidade e, como tal, dificilmente levantará “ondas” se não for opção nos próximos tempos.
Jesus ganha um jogador com as características que procura numa ala. Jogadores rápidos, potentes, versáteis, verticais e que finalizam com alguma qualidade. Ganha mais um jogador Português, mas sobretudo ganha tempo.
Tempo para adaptar Yannick a um Futebol diferente, tempo para trabalhar o jovem Português e tempo para ir precavendo a possível saída de Gaítan, que deverá ser alvo de forte cobiça no mercado de Verão.

Quanto ao Clube, adquire um jogador com mercado a custo 0 e que mesmo em caso de flop, certamente não terá peso nas contas do Clube.

Arrisco ainda a referir Nelson Oliveira. Com o avolumar de jogos, será mais vezes opção e conhecendo a capacidade de Jorge Jesus, como conheço, e o talento e margem de Nelson, parece-me a mim que teremos um jogador em clara ascensão na segunda metade da época.


Sporting CP
Quanto ao Sporting não há muito a referir.
As entradas parecem ser de recurso e sem a qualidade desejada por Domingos (obviamente que o digo ainda sem grandes certezas, pois pouco deu para ver dos reforços).
Xandão, mesmo com a defesa a ser uma grande dor de cabeça para o treinador Leonino, não parece ser opção. Vem de uma realidade completamente diferente, certamente com muitas lacunas em termos posicionais e de compreensão do Jogo e poderá tardar em aparecer como opção em Alvalade. Projecto para futuro ou flop?
Ribas, um possante avançado, soma oportunidades desperdiçadas no seu currículo. Vem para fazer sombra a Wolfswinkel, mas dificilmente terá muitas oportunidades de agarrar uma vaga no onze.
Renato Neto aparece como mais uma aposta na prata da casa, mas em campo não consegue justificar a aposta.
Fisicamente é imponente, mas o seu futebol é básico. Tem de crescer muito para ser opção credível e custa perceber porque não joga mais vezes André Santos.

Os melhores reforços para o Sporting serão certamente o regresso á melhor forma de alguns lesionados.
O meio campo actual do Sporting é pouco agressivo, é pouco combativo e não consegue garantir a capacidade de recuperação de bola que um meio campo de uma equipa grande necessita. Com Rinaudo e Schaars a equipa ganhará maior consistência e equilíbrio, com Izmailov criatividade e objectividade, com Wolkswinkel golos e com Jeffren velocidade e capacidade de desequilíbrios nas faixas.

E ainda há André Martins. Tardam em aparecer oportunidades, mas o talento está lá.


Resta-nos, pois, aguardar para ver e acreditar que o Campeonato terá emotividade até ao fim!

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