A venda de Liedson é um 31?

on sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
A saída do carismático jogador leonino Liedson está a fazer correr muita tinta e as opiniões dividem-se.
Curiosamente aqueles que não nutrem paixão clubística pelo Sporting encaram o negócio como sendo uma boa venda. Ao invés, muitos Sportinguistas, consideram que foi um terrível acto de gestão.

Em relação a este assunto eu tenho uma opinião muito clara.
Liedson foi e ainda era uma grande referência do Sporting. Um goleador, mais do que isso, um grande avançado.
Um jogador com atributos muito interessantes e que para além dos golos, permitia ao colectivo do Sporting jogar em pressing alto, pois era em todos os aspectos notável a capacidade de entrega do 31, a agressividade do jogador e a sua capacidade de recuperar bolas ou forçar o erro adversário em terrenos mais adiantados.
Por outro lado a capacidade de concretização. Verdadeiramente felino, com os pés, com a cabeça, em velocidade, dentro de área...
Mas este foi o Liedson, não é o Liedson.
Hoje o luso-brasileiro não é mais o goleador de outros tempos, trabalha menos para o colectivo, caminha a passos largos para o fim de carreira.
Se em termos de Sporting ainda é um jogador de destaque, estou plenamente convito que no FC Porto ou SL Benfica não seria primeira escolha.

Para além da fase da carreira em que se encontra Liedson, podemos ainda referir a questão económica, que aliás é uma condição chave para esta venda e sobre a qual pretende divagar um pouco.

O Sporting CP atravessa um período negro. Grandes dificuldades financeiras que se têm agravado ao longo dos anos, mas que nos últimos anos se agravaram devido a um contraciclo.
Soares Franco cumpriu um mandato em que a recuperação financeira era a prioridade, alertou para a necessidade que havia dos adeptos do Sporting terem que baixar as expetativas e encararem os anos seguintes de uma forma mais lúcida, mais realista e menos idealista, menos na obsessão pelo título, do Sporting ter obrigatoriamente que lutar pelo título.
Bettencourt, talvez pelo seu Sportinguismo extremo, sentiu-se pressionando em devolver as glórias ao Sporting. Para tal engordou a massa salarial, gastou valores probitivos em jogadores que pouco ou nada deram ao Sporting e tornou a situação financeira do Clube dramática.

Atendendo a esta crise, não restará ao Sporting outra alternativa que não a de pensar a médio/longo prazo.
Baixar as expetativas actuais, apertar o cinto, profissionalizar e adequar os seus departamentos de apoio ao Futebol, para evitar as apostas erradas que têm sido feitas, e formar um plantel mais jovem, mais barato mas ainda assim ambicioso.
Ou seja, emagrecer a folha salarial, apostar numa prospecção alargada e profissionalizada e procurar apostar em activos ainda a preços aceitáveis, esperando a médio prazo valoriza-los.
Olhar ainda mais para a sua academia, olhar para os mercados emergantes, formar um plantel jovem, ambicioso, afastar os nomes mais sonantes mas nem por isso mais produtivos e começar do zero.

A saída de Liedson deveria enquadrar-se numa política de urgência do Sporting, política essa que acaba por estar bloqueada pelo actual vazio de poder no Clube Leonino.
Na actual conjuntura leonina o mais positivo seria procurar colocar alguns dos seus activos, que mais pesam na folha salarial, no mercado arriscando mesmo a vende-los por um valor abaixo do valor de mercado, mas libertando-se do fardo salarial que alguns desses jogadores representam.
Hildebrand (mas que péssimo negócio), Polga, Maniche, Vukcevic, Izmailov, Liedson e outros mais.
Reconheço grande competência e qualidade a Izmailov, a Maniche, até a Vukcevic, apesar da inconstância, mas são jogadores que não estão plenamente enquadrados no Clube, elementos difíceis de gerir no balneário, que por esta ou aquela razão estão incompatibilizados com o Clube e que terão menos ambição do que é desejável.

Estas saídas, completadas por algumas outras pontuais pois nem todos os profissionais do Sporting têm a qualidade desejável, permitiria ao Clube de Alvalade pensar no futuro com uma folha salarial mais desafogada, com um balneário mais sereno e provavelmente mais focado em objectivos colectivo. A partir daí seria mais fácil desenhar pacientemente e sem expetativas demasiado altas o futuro do Sporting.

Uma restruturação financeira, uma restruturação directiva que permita ao Sporting encarar a era do profissionalismo no Futebol (precisamente a era em que o sucesso do Sporting se eclipsou) de uma forma mais lúcida e menos de reacção a pressões internas ou externas.


Portanto, e em jeito de conclusão, a saída do Liedson é positiva para o Sporting.
Não o será em termos desportivos imediatos, mas será a médio prazo e numa lógica de restruturação do Clube.
Sai um jogador em final de carreira, entram 2 milhões de euros importantes para o Clube, poupam-se mais 2 milhões de euros em salários do jogador e abre-se espaço para a plena afirmação de Postiga ou de qualquer outro avançado que venha a representar o Clube.

Será que mesmo com um Orçamento mais baixo e com nomes menos sonantes, não é possível ser competitivo?
O Sporting tem o exemplo da gestão do SC Braga na qual o rigor é peça chave para sucesso.

E só terminar dizendo, concordo em absoluto com o José Eduardo, o Sporting tem que ir até aos sócios e não esperar que os sócios vão até eles.
Começar pelas Escolas, por acções regulares dos jogadores junto dos mais novos para garantir massa adepta para o futuro.

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